Em minha já não curta cronologia, e
tendo visto e ouvido muitas e ruins, jamais se me deparara com uma
deformidade de anarquismo despótico como me tocou ver no panfleto
que me convidava a “sair do comodismo e lutar contra a corrupção”,
em Erechim, 26/03/13. Alguma “ mão invisível” a serviço de
algum Pinochet (General cujos tanques “destocaram” o Chile há
quarenta anos para M. Friedmann “experimentar” seu
neoliberalismo) latente ordenava: “nenhum partido nos representa,
não são aceitas bandeiras partidárias ou de movimentos sociais.”
Sim, a manifestação deveria ser “ pacífica, contra a impunidade,
contra a PEC 37, PEC da Impunidade.”
Esperei, finalmente ha mais de trinta
anos, o STF, com seu presidenciável atual presidente, “de notável
saber e ilibada conduta”, usasse contra torturadores e violadores
de direitos humanos idêntica norma e procedimento que estardalhou
contra os réus do dito Mensalão – Ação 470/12 – às vésperas
do pleito de 2012. Que julgasse também os Arruda, os Azevedo...
Muito cartaz, muita net, muita
violência exigindo saúde, segurança, escola “Padrão FIFA”.
Por que esta exigência só agora,
coincidindo com a Copa das Confederações? Mesmo que a matéria seja
discutível – e é – porque só agora a reclamação? Tiveram
anos para fazê-lo via sindicatos, partidos, via net, igrejas, OP,
indo às ruas … Só agora se lembraram de fazê-lo
“casualmente“ as vésperas da Copa de 14 e da eleição de 2014
que decide a essência do poder, da política, da economia, no
Brasil. Não há almoço grátis, nem manifestação gratuita. Muitos
candidatos que não se “corromperam” com partidos políticos ou
movimentos sociais, não foram vistos contra a Ditadura e nem contra
a Privataria, agora gritam e depredam contra a corrupção. Falta
definir o que é corrupção, quem são os corruptos, quem julga e
com que base, té para não bradar estentoreamente “os culpados
serão castigados” como perorava Plínio Salgado em tempos
nazifascistas que sempre vicejam na sociedade de classes, como
mostram W. Reich, B. Brecht e mais recentemente C. Gavras no filme O
Corte.
O Anarquismo faz o meio de campo
involuntário (?) para preparar gratuitamente o terreno paras os
monopólios assumirem, mesmo através do estado totalitário de
direita, de um Franco, de um Mussolini. Turvam-se propositalmente as
águas para depois aparecer algum “Salvador”, cm ou sem estrelas
ao ombro para então dispensar partidos, sindicatos, movimentos
sociais... Botar ordem! E Sísifo volta ao fundo do abismo por várias
gerações...
O que é mesmo corrupção? O que
seria uma Proposta política ampla a justificar tão estreptosa
descida às ruas? O Movimento vai além do mero desabafo vagamente
moralista que não atura mosquito mas engole camelo! Propõe reforma
política? Propõe o fim do financiamento privado das campanhas
políticas, que o velho regime militar ainda com Golbery, consegui
pespegar na Constituição de 1988, (que o PT não assinou, mas
respeita) transforma o voto em mercadoria leiloável? Esta a raiz da
corrupção eleitoral, do caixa dois que nem o Dr. Joaquim Barbosa
viu. E por que os agora e só agora raivosos eletrônicos
jamais agitaram sequer o dedo mindinho contra? Podiam tê-lo feito
nos mais de trinta partidos, nos vários sindicatos, nos movimentos
sociais, nos diretórios acadêmicos, nas igrejas, no judiciário, na
imprensa, no botequim, no instituto de beleza... Não o fizeram e
agora deletam tudo o que ali está! Ninguém os representa... A quem
representamos prédios, os carros, e vidas estraçalhadas?
Propõe reforma agrária? Propõe
reformas econômicas? Mudanças na propriedade dos bancos? Da
indústria? Do comércio? Vamos dominar a inflação congelando
preços e estoques? Será corrupção alguém engordar um suíno, boi
ou frango com anabolizante em cinco meses ao passo que outro, sem
métodos espúrios, demora seis meses para alcançar idêntico
resultado e, portanto, está na rota da falência! Sim, “o crime”
compensa. A lei eleitoral força, seduz à corrupção. Esta a “mega
casca de banana” que o sistema nos legou para que nela
escorregássemos, fossemos acusados e condenados, houvesse a gritaria
anti corrupção, “apartidária” e ali vem alguém em nome da
moralidade, como Mal Castelo Branco, “botar ordem”, comandar sem
precisar de eleição, nem de voto, nem do dinheiro da Odebrecht, da
Camargo Correia, dos bancos... É moral alguém ganhar um milhão de
salário (Neymar?) e outros, SM? O que e como fazer? Quem ao longo de
anos atribuiu milhões de votos a Sarney, Collor, Calheiros, Maluf,
Tiririca, Felicianos... Sim, o parlamento também espelha a
sociedade, o eleitorado! O vírus da corrupção, a lei de Gerson,
está entre nós, sim! Quebrar o espelho não melhora a cara. Se o
movimento, em parte, é ingênuo, respeitável, é muito possível
haja os que, turvando as águas da Copa, criticável, e das eleições
2014 almejam, de maneira astuta e gradativa, a reversão, a perda de
tudo quanto a Ditadura e a privatização da encarquilhada Nova
República nos afanaram.
Antes de ir às ruas, vamos aos
sindicatos, partidos, movimentos, entidades estudantis, igrejas
conhecer a realidade, as necessidades, formular propostas e projetos,
com participação da cidadania, e não exclusão fascistoide e
ignorante. Juremir M. da Silva em texto no C. do Povo, 22/06/13,
observa muito bem, como já detalhara, com discernimento, o falecido
R. A. Dreifuss em O Jogo da Direita.
Nós não temos saudade da Ditadura,
nem de Collor, nem de FHC. Uma sociedade de classes logicamente deve
espelhá-las dialeticamente via suas entidades. Dentro desta
realidade cabe agir, mudar, corrigir. Não se vai à rua sem
proposta, impunemente. Caso se queira ter uma boa imagem, cabe
produzi-la e não culpar o espelho, A construção de uma sociedade
plenamente democrática, econômica, politica e culturalmente exige
muito empenho, paciência correções. Individualmente este
compromisso sessa na missa de trigésimo dia...A reação da Pres.
Dilma e Gov. Tarso parece-me basicamente correta, querendo ouvir,
ensejando a participação, mesmo quando estas manifestações não
buscam diálogo, mas até provocam e agridem patrimônio alheio e os
policiais para poderem se exibir como “mártires”... Quanta
diferença de um passado não muito distante e nada saudável que
está a espreita e até alega que fará mais e melhor mas, não diz
exatamente como, o que, e porque sua identidade carece de nitidez.
P.S. Como pretender candidaturas
“apartidárias” numa sociedade profundamente dividida, onde temos
um Eike Batista e uma miríade de ricaços, onde temos, em cada
cidade uma Jurerê Internacional, onde os monopólios da comunicação
fazem “ mentes e corações” através de seus cronistas,
analistas e chargistas, onde o poder econômico e de comunicação
constrói e destrói conforme seu entendimento e interesse, o
candidato “apartidário” apenas escamotearia seu partido, do Kap
e ou alguma igreja ou grupo que, mediante pirotecnias midiáticas,
revelará sua verdadeira face e garras...
O jornal Bom Dia não quis publicar nosso texto... mas respondemos aqui a miopia política do prof. Cassol: http://anticapitalismoesociabilidades.blogspot.com.br/
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